MasterTech: Como Camila Achutti Está Transformando a Educação no Brasil

Introdução

Camilla Achutti transformou uma visão de inclusão e capacitação tecnológica em um negócio de impacto nacional. Co-Fundadora da MasterTech, tornou-se uma das principais vozes na luta contra a desigualdade na tecnologia e é também uma referência no setor de educação digital.

Viu, ainda jovem, como a tecnologia podia ser transformadora — mas também excludente. Movida por um propósito maior, ela transformou essa visão em ação, criando a MasterTech.

Com uma trajetória marcada por desafios e conquistas, e um currículo notável, Camila assumiu uma missão ambiciosa: democratizar o acesso à tecnologia e torná-la compreensível para todos.

Essa história inspiradora é o estudo de caso dessa semana na Passo Pioneiro. 👇🏼

O Turning Point

Em suas palestras, Camila lembra com carinho de um momento específico de sua infância, quando ouvia seu pai falar códigos de COBOL pelo telefone, uma linguagem que nas palavras dela parecia ser “coisa de alienígena” mas que tinha o poder de fazer algo incrível: resolver problemas reais.

Ela também queria fazer parte daquele clã alienígena.

Anos se passaram e no dia 8 de Março de 2010, ao chegar na sala de aula na USP pela primeira vez ela tem um choque de realidade — ela era a única mulher da turma ao lado de outros 49 homens. Ao perceber esse grande desequilíbrio entre gêneros em sala, em vez de se sentir desanimada, algo dentro dela acendeu.

Ela entendeu que aquela realidade precisava ser transformada, e talvez fosse ela a pessoa capaz de fazer a mudança. Camila viu naquele desafio uma oportunidade de abrir portas para outras mulheres na computação, com a convicção de que a verdadeira inovação está em dar acesso às pessoas ela fez o que estava ao alcance dela na época.

Criou o blog Mulheres na Computação, como uma resposta à percepção preconceituosa de que a área de tecnologia era — algo apenas para homens. Camila conseguiu nessa iniciativa mostrar o trabalho de mulheres que estão transformando a computação, seja como programadoras, desenvolvedoras, pesquisadoras ou líderes de projetos. Nas palavras dela:

“A possibilidade de fazer coisas que estão na sua cabeça se tornarem reais.”

Em 2015, toda a luta de Camila foi reconhecida quando ela venceu o prêmio Women of Vision na categoria Student of Vision ABIE Award, concedido pelo Instituto Anita Borg, como forma de reconhecimento pelo seu trabalho em promover a inclusão de mulheres na tecnologia.

O surgimento da MasterTech

Para falar sobre a MasterTech é preciso antes voltar no tempo, mais precisamente para o ano de 2014 e falar da Ponte21. Uma empresa que surgiu da parceria entre Camila e Felipe Barreiros e resolvia um problema simples: criar software para quem tinha medo de fazer isso.

Tinha como mote principal a frase “Seu MVP [mínimo produto viável] em 8 semanas”. Deu certo, a Ponte21 teve como seus clientes a Renault, o Itaú, a Leroy Merlin, dentre outras empresas que a época não tinham um braço interno dedicado para gerenciar os projetos de inovação.

Mas isso não era o suficiente para Camila.

Com o tempo, ambos perceberam que não bastava apenas criar software para as empresas, era preciso ter profissionais capacitados para gerenciar, aprimorar e manter o produto funcionando.

Mas havia um problema claro: as empresas não tinham capital humano para resolver os problemas tecnológicos. Faltava gente qualificada.

Em novembro de 2015 surge a MasterTech, com o propósito de suprir essa lacuna de profissionais no mercado tecnológico, oferecendo formação prática e acessível para aqueles que queriam ingressar na área, mas não sabiam por onde começar. A proposta era clara: capacitar pessoas de diferentes contextos, não apenas para aprender a teoria, mas também aplicar o conhecimento em situações reais, ajudando a resolver os problemas concretos das empresas.

“A MasterTech surge como uma iniciativa de tentar reduzir disparidades, ensinando as pessoas a tomar decisões mais conscientes, para que elas consigam espalhar esse conhecimento adquirido de maneira autonoma e real.”

Com isso, a MasterTech se tornou uma ponte entre o ensino e o mercado de trabalho, formando profissionais aptos a enfrentar os desafios apresentados pela vida real.

A Mudança

A medida que o mercado amadurecia e as necessidades das empresas se tornavam mais complexas, Camila percebeu que havia uma demanda crescente não apenas por profissionais qualificados, mas também por uma transformação interna nas corporações.

A necessidade de adaptar a cultura das empresas às novas exigências tecnológicas foi o que impulsionou uma mudança estratégica na MasterTech.

A pivotada se deu ao perceber que não bastava mais apenas formar indivíduos de forma isolada. O verdadeiro impacto seria alcançado ao transformar as organizações como um todo, capacitando não só o indivíduo, mas também integrando uma nova mentalidade tecnológica dentro das corporações.

Com isso, a MasterTech se reposicionou como uma escola para empresas, oferecendo programas de treinamento e desenvolvimento que atendiam diretamente às necessidades das empresas, formando equipes completas e alinhadas com as tecnologias que eram necessárias.

“Uma escola de empresas e não apenas de pessoas.”

Assim a MasterTech, deixou de ser uma escola que ensinava código, e se tornou uma empresa capaz de mudar a cultura das organizações para que, coletivamente, os funcionários pudessem aplicar essas habilidades de forma colaborativa, criando um ambiente propício para inovação e resolução de problemas tecnológicos.

O que podemos aprender com Camila Achutti?

Ela tem sido uma protagonista fundamental na transformação do setor de tecnologia, mas para capturar a essência de sua jornada, foi necessário focar em alguns momentos chave. Escolher quatro lições dessa trajetória não foi simples, mas se você busca impactar positivamente o mundo assim como ela:

    1. A importância de ter um propósito bem definido: Camila enxergou um desequilíbrio no mercado e não apenas reconheceu a falta de mulheres na tecnologia, mas transformou isso em uma oportunidade de mudar a realidade para futuras gerações.
    2. Inovação como ferramenta de inclusão: Ao criar a MasterTech, ela foi além do simples ensino de código. Capacitou pessoas de diferentes faixas etárias e contextos sociais para que pudessem aplicar seus conhecimentos de forma prática, desbravando novos horizontes.
    3. A coragem para mudar: Com o sucesso e consolidação da empresa, Camila poderia ter se dado por satisfeita, mas ela não parou por aí. Ao contrário, foi sua coragem para questionar o status quo e se adaptar às mudanças do mercado que realmente definiu seu impacto.
    4. A educação como ferramenta de emancipação: Camila é uma pessoa que acredita fortemente no poder de transformação através da educação. Para ela, a capacitação não é apenas uma maneira de adquirir habilidades técnicas, mas uma forma de empoderar indivíduos e comunidades, permitindo que eles rompam barreiras e alcancem o seu potencial máximo.
  1.  

Você pode conhecer também o impacto de Camila através da sua ONG SOMAS, que tem a missão de capacitar crianças, jovens e educadores. A SOMAS oferece desde cursos de programação até treinamentos profissionalizantes e apoio para a adaptação das escolas ao mundo digital.

Considerações Finais

A trajetória de Camila Achutti é uma verdadeira inspiração. Desde os tempos do seu Blog, passando pela fundação da Ponte21, a criação da MasterTech, até sua contribuição significativa para a inclusão digital através da SOMAS, ela demonstrou como é possível transformar uma visão de inclusão em um movimento de impacto real na sociedade.

Um exemplo claro de como um propósito bem definido pode guiar não apenas uma empresa, mas toda uma comunidade, promovendo mudanças profundas.

Em um cenário onde a desigualdade digital continua sendo um desafio, a missão de Camila é mais relevante do que nunca. O que ela construiu não é apenas uma empresa ou uma ONG, mas uma verdadeira mudança na forma como entendemos o acesso à tecnologia e à educação.

O legado de Camila é, sem dúvida, um convite à reflexão: é possível um empreendedorismo que se limite ao aspecto financeiro? Ela mesma responde:

“Não existe empreendedorismo, sem querer melhorar o mundo.”

Encerramos por aqui esta semana.

Até sexta que vem.

👋🏼